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Por que fazemos tanto e realizamos tão pouco?


O dia passa, você faz mil coisas que vão aparecendo e não faz as que deveria ter feito? Seu problema pode ser gerenciamento da atenção.

Ligo o notebook para pagar uma conta via internet. O navegador abre meus principais favoritos logo de cara, e uma enxurrada de notificações pipoca na tela. Dou uma olhada rápida no LinkedIn, posto alguma coisa no Facebook, respondo aquele email que me parece urgente, espio as notícias do dia... Quando me dou conta, já passou meia hora e eu não paguei a conta!!!

A tela do computador ou celular é como um buraco negro a sugar minha atenção: se ela cai ali, se perde. Mas não é só isso. São tantas situações acontecendo, informações chegando, demandas surgindo... Chega o final do dia e fiz mil coisas que apareceram, mas não fiz as que deveria ter feito.

Já viu esse filme? Eu vi muitas vezes e não gostei. Que incômoda a sensação de fazer muito e realizar nada. Havia também a ansiedade, e noites mal dormidas, pelos assuntos não resolvidos que passavam para a agenda do dia seguinte.

Achei que meu problema era má gestão do tempo e usei algumas de suas técnicas, mas isso não resolveu. Pelo menos, o insucesso acendeu uma luz: minha dificuldade, na verdade, era gerenciar a atenção, para limitar as distrações e ser capaz de focar no que verdadeiramente era importante ou prioritário.

Ninguém falava em “gerenciamento da atenção” em 2013, quando me bateu essa crise, então tive a ideia de procurar respostas na neurociência. E descobri coisas interessantíssimas. Fui apresentada ao meu córtex pré-frontal, estrutura tida como “centro executivo do cérebro”, que entre outras funções gerencia a atenção. Fiquei chocada com o artigo de um neurocientista chamado David Levitin, que explicava como o cérebro fica literalmente viciado em constantes mudanças de foco – o pingue-pongue que eu praticava com minha atenção toda vez que interrompia uma tarefa para checar a notificação do celular, espiar o e-mail que havia chegado, navegar pelos hipertextos da web sem chegar ao final do que estava lendo.

Compreendi quão nocivo era meu hábito de “espairecer a cabeça” com amenidades da internet quando, por dificuldade de concentração, eu me cansava de escrever um texto... E esse cansaço acontecia em intervalos muito curtos. Logo eu, ex-jornalista, que em meus áureos tempos de redação sentava para escrever matérias complexas e não tirava a cara do computador por horas!!

Cheguei à conclusão de que precisava fazer algo a respeito da forma como me relacionava com este mundo frenético, que Levitin descreve brilhantemente numa das passagens de seu artigo:

“Nossos cérebros estão mais ocupados do que nunca. Somos assediados por fatos, pseudo-fatos, bobagens, rumores, tudo isso se apresentando como informação. Discernir o que você precisa saber do que pode ser ignorado é exaustivo. Ao mesmo tempo, estamos fazendo mais coisas. Trinta anos atrás, agentes de viagem faziam nossas reservas de voo, vendedores nos ajudavam a encontrar o que procurávamos em uma loja e secretárias ajudavam executivos ocupados com sua correspondência. Hoje, fazemos nós mesmos todas essas coisas. Realizamos o trabalho de dez pessoas enquanto tentamos cuidar da própria vida, dos filhos e pais, amigos, carreiras, hobbies e programas de TV favoritos.”

E assim, tomei algumas medidas:

  • Dividi meu dia em duas partes. Pela manhã, cuido do varejo: cuidados pessoais, tarefas de rápida resolução, contatos, assuntos administrativos, questões domésticas etc. À tarde, cuido do atacado, tarefas que requerem mais concentração e demandam mais tempo.

  • Quando preciso me concentrar, silencio o celular e trabalho com o computador off line.

  • Realizo uma tarefa por vez e, ao terminá-la, me dou a recompensa de espiar um site interessante ou ler notícias. Distrações programadas são uma boa forma de descansar a mente após um período de concentração.

  • Adotei um lema: faça logo, faça direito, faça até o fim.

  • Uso uma agenda de papel, grande, em que posso visualizar a semana inteira, e marco ali até as pequenas coisas que preciso fazer.

  • Passei a praticar mindfulness, treino de focalização da atenção que fortalece o córtex pré-frontal e ajuda a lidar com distrações externas e internas (principalmente as emocionais). Isso fez tamanha diferença em minha vida que me profissionalizei na técnica e passei a trabalhar com ela.. E assim nasceu o curso Você Mais Centrado.


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